Causo verídico de autoria de Jorge Silveira Wernz nosso ilustre conterrâneo!!!!!! Vamos curtir que vale a pena……………….
“Esta chantagem que os “dimenor” vem fazendo com a sociedade, por leis criadas por esta (lei da palmada, direitos da criança e do adolescente) ,eu conheço bem pois a pratiquei com meus pais Agenor e Maria (até hoje não me desculpo).
No ano de 1956, tinha eu 11 anos, senão vejamos:
Minhas férias de verão normalmente eram na campanha, junto com os primos e primas, no Rincão de São Miguel. No inicio das do referido ano, certo dia chegou na Fazenda um ” andejo”, muito bem montado e aperado, numa mula “Zaina”, com outra de pêlo igual , de “tiro”. Pediu sesteada, desencilhou e após foi “jervear”.
Após o almoço e sesteada exigida por meu avô, fui até o galpão ver o “andejo”. Além da mula bem encilhada,ele também era caprichoso no vestir.Botas de cano alto, bombacha de dois panos, camisa sem botão (das de cruzar)e sem gola, um chapéu aba 8 no máximo e uma rastra larga, tapada de moedas.Ah aquela rastra. Meus olhos quando a viram, meu Deus.Intitulava-se Joca Missioneiro, profissão; domador de mulas.No chimarrear do pós sesta, ficou contando suas domas, o dinheiro que ganhava com elas e eu, ouvindo e olhando maravilhado com aquele monte de moeda.Cá comigo pensei ;Achei minha profissão;DOMADOR DE MULA ;
Findas as férias, infelizmente, voltei pro Povo, mas sem esquecer o Missioneiro e sua rastra. Domando mula, haveria de conseguir uma para mim.Lá pelo mês de Abril, numa segunda feira, ao invés de ir para o colégio (aula particular com Da Glaci ), resolvi deixar um bilhete aos meus Pais “ADEUS< VOU CORRER MUNDO E DOMAR MULAS”…e parti rumo ao Rincão, com 11 anos e “DEAPÉ”.
Meia tarde, cheguei na Fazenda, não tendo nem ideia do estrago emocional que tinha feito em minha família, no procura o Jorge, pra onde foi o Jorge.Por curiosidade, um Tio da minha atual e única esposa, que vinha da campanha para a cidade, deduziu que eu estaria ali, onde pegou-me, depois de muita conversa.Eu de pé trancado ,só queria domar mula.Botou-me no auto e rumou ao Povo.Quando chegamos na frente de casa, foi que me dei conta do que havia feito.Tinha uma multidão, mesmo sendo tarde da noite.Pensei comigo; meu Pai vai me tirar o couro a laço.Quando desci do auto, meu avô me pegou pelo braço e me levou(morava ao lado de casa). Não apanhei e com este fato de não ter apanhado, peguei força, me achava o tal, ninguém me bate.À qualquer ameaça, vinha logo a chantagem;olha que eu vou fugir, até que um dia, GRAÇAS A DEUS, o meu caldo entornou.Foi feita a queixa do colégio direta ao Seu Agenor.
Ao chegar em casa do trabalho, foi direto ao meu quarto e gritou para a Da Mariazinha,minha mãe:
-Maria abre tudo que é porta e janela, que vou dar uma sova no JORGE e ele vai fugir, deixa que fuja.Olha, a surra foi grande mas nem perto da merecida.
Deste dia em diante, terminou-se o chantagista, fujão e domador de mula
TERMINOU-SE O ” DIMENOR” DELINQUENTE.”JOWER
