“ESSA POLTRONA É MINHA, CAVALHEIRO”

“Há uns anos atrás, tomei um ônibus para matar a saudade do meu Alegrete. Como era noite de quinta-feira, precisei “pegar” o que iria até Itaqui, passsando por Alegrete e Uruguaiana. Iria viajar em uma poltrona de centro o nosso Prefeito José Rubens Pillar. Bem ao lado dele, tinha uma daquelas poltronas-solo que é como eu chamo aquela fileira de assentos de uma poltrona só. E ali eu sentei para conversar um pouquinho com o Pillar, enquanto o ônibus não partia. Já estavamos de partida quando um gaúcho bem pilchado e bem baixinho, também, ingressou no ônibus e dirigindo-se a mim disse em tom severo : “ESSA POLTRONA É MINHA, CAVALHEIRO” !!!!! Eu, simplesmente, levantei e respondendo à interpelação disse : está bem, senhor, mas, se me permite, gostaria de acrescentar que o senhor viajaria nela nem que a mesma me estivesse reservada na passagem, se assim o desejasse. Afinal, o senhor é filho do Presidente Getulio Vargas e eu sou getulista como o meu pai me ensinou a ser. E tratando-o pelo nome e pelo título, Dr. Manoel Vargas, me despedi do Pillar e fui lá para uma das poltronas localizadas bem ao fundo do ônibus. Antes mesmo que o carro partisse foi até lá o Dr. Maneco e humildemente me pediu desculpas pela maneira áspera com que tinha me dirigido a palavra, mais envergonhado ainda pela forma fraterna como eu lhe respondi. Falou alguns minutos comigo, aceitei as suas desculpas, mas, repeti o que já lhe havia dito. Eu era (e sou) getulista e se um filho do Presidente Vargas quiser ocupar a cadeira onde estou sentado eu levanto e estamos conversados … ”
Bagre Fagundes.

 

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